Thursday, June 2, 2011

Fluxo

O mundo tende para a materialização do espírito, e para a espiritualização da matéria, para a acção dos seres no mundo, e para a memória, onde há mentes com memória. O futuro tende a materializar-se, e de presente que é quando materializado, presente lembrado, já não material. O mundo tende ao mesmo tempo para o passado e para o futuro. Porque o presente não é se não a transformação do futuro em presente em passado, do futuro em passado, portanto, passando pelo presente. O mundo tende a transformar-se e transformar-se é isso, e o mundo é essa mistura. Mas talvez só o movimento elimine a verdade de estarmos parados no tempo. Sem a mudança, sem o movimento, o tempo seria imperceptível.

Não sabemos se a própria consciência estaria sequer apta a começar a pensar se existisse desde sempre num mundo ausente de estímulos. Teria a noção do tempo? E será que teria consciência de si? E se tivesse consciência de si e de nada mais, teria consciência do tempo? O tempo é básico na estrutura da consciência? O tempo é isto que passa. Será que quando estamos a olhar para uma árvore ao vento estamos a olhar para tempo? O tempo é um elemento básico na estrutura das coisas? A consciência e as coisas têm os mesmos elementos básicos? Poderá haver um elemento básico da estrutura da realidade - se esta a tem -, como se pudéssemos defender com verdade um monismo? Claro que a ideia da divisão é clássica de um mundo tripartido: a causa do mundo (diferente dele), e o mundo, dividido em corpo e espírito. Mas talvez haja apenas um fluxo, e a divisão seja de todo errada. Um único fluxo desde sempre e para sempre, eterno e infinito, mas um fluxo, do qual participamos.

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