Sunday, May 29, 2011

Tejo

Desci aos infernos, estive nas planícies e tive sempre o Tejo no meu olhar. Tenho sempre o Tejo no meu olhar. Para lá do silêncio, agita-se ante éons de tempo, a cidade nele adormece. Embala-nos, ao passarmos o desgastado e sempre novo Cais do Sodré, Belém, ou se apenas o virmos de S. Pedro de Alcântara. O Tejo contém em si a alma dos lisboetas, nosso doce e no passado tão intempestivo rio, no qual não podemos mergulhar, como se de miragem se tratasse. A Tágide, que dele sai, mais não é do que o próprio Tejo em si, que não é rio, mas alma. Enquanto o corpo se limpa e revigora no mar, a alma limpa-se e sai renovada do Tejo. É a nossa mística.

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